Anitta faz apresentação sem vigor no 464º aniversário de São Paulo


Programar Anitta logo depois de Baiana System na comemoração dos 464 anos de aniversário de São Paulo teve um efeito curioso.
À funkeira carioca foi reservado o horário nobre (23h15) do palco armado pela prefeitura no Vale do Anhangabaú, sob o viaduto do Chá. Mas toda a euforia que os baianos provocaram no público, entre 20h30 e 22h, perdeu vigor no show seguinte.
A comemoração do aniversário da cidade contou ainda com sessão de Gilberto Gil na esquina das avenidas Ipiranga e São João, no Bar Brahma.
A apresentação do BaianaSystem começou com “Lucro (Descomprimindo)”. A revolta expressa em seus versos e as diversas menções no repertório às disparidades da vida nas metrópoles cravaram no centro de São Paulo um pulso político. “Tire as construções da minha praia/ Não consigo respirar”, diz a música. O vocalista Russo Passapusso homenageou o rapper Sabotagem (1973-2003) e, em mais de um momento, lembrou o público de que a cidade foi construída por migrantes nordestinos.
Depois, com “Jah Jah Revolta” e, mais ainda, com “Jah Jah Revolta, pt 2”, permitiram à audiência, heterogênea em estilos e classes, momentos empolgantes e uma relação palco-plateria bastante afetiva. A participação da rapper curitibana Karol Conka, especialmente na versão para a ultrafeminista “Lalá’, selou o show dos baianos como o ápice da programação.
Depois, com atraso de meia hora, Anitta subiu ao palco vestindo figurino cor-de-rosa, bem menos provocante do que no clipe de “Vai Malandra”. Ela foi acompanhada por sete bailarinos -os homens de branco, as mulheres na mesma opção cromática da estrela. Não é exagero dizer que foi um show mais legal para adolescentes e crianças. Eles compareceram em grande número.
Ao vivo, Anitta é mais miúda do que na TV, e essa não é uma sensação que diz respeito apenas a sua estatura. A personalidade sexy, vulgar com estilo, tem muito mais volume nos clipes. “Vai Malandra” e “Paradinha” levantaram os ânimos, em versões muito próximas das gravações. O ponto baixo foram as coreografias, meros pastiches de shows de outras cantoras pop.
O prefeito João Doria passou pelo Anhangabaú no mesmo horário da apresentação, mas não ficou para ver o show.

(Folhapress)
Foto: Leon Rodrigues/Folhapress