A ex-senadora Marina Silva (Rede) defenderá em seu programa de governo a independência do Banco Central, mas sem estipular que a autonomia seja garantida por força de lei.
“A independência do Banco Central não precisa de institucionalização, o que ele não pode é ser usado politiqueiramente”, afirmou a presidenciável nesta segunda-feira (26), ao se reunir em São Paulo com conselheiros de diferentes áreas para começar a discutir seu plano de campanha.
O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, principal auxiliar dela para o tema em 2014, participou do encontro. Naquele ano, ele e a ex-senadora, que era vice de Eduardo Campos (PSB), já eram contrários à independência formal.
Mas, como Campos já vinha defendendo a medida, Marina acabou cedendo e aderiu à bandeira do socialista. Na época abrigada no PSB, já que a Rede ainda não havia conseguido se viabilizar, ela assumiu a posição pró-institucionalização e a manteve mesmo após a morte do cabeça de chapa, no meio da campanha.
Segundo a ex-senadora, naquela ocasião o programa de governo foi mediado em uma coligação, o que impunha negociação sobre alguns aspectos.
A campanha de Dilma Rousseff (PT), adversária de Marina na eleição passada, usou a defesa de autonomia do BC para insinuar no horário eleitoral que, num governo da então candidata, faltaria comida na mesa do brasileiro.
O argumento do anúncio petista era de que, nesse modelo, “os bancos assumem um poder que é do presidente e do Congresso”. Marina se ressente ainda hoje das críticas sofridas na eleição passada, que para ela tinham o objetivo de desconstruí-la de maneira caluniosa.
Ao lado do ambientalista João Paulo Capobianco, coordenador de programa da campanha à Presidência, a ex-senadora disse que o novo conjunto de propostas será uma atualização do de 2014. E repetiu o mantra de que irá propor uma “agenda de desenvolvimento econômico e social, mas com a proteção dos recursos naturais”.
Segundo Marina, o programa para 2018 abordará a busca do crescimento econômico como chave para a geração de empregos e tratará da questão da segurança pública no patamar nacional, levando o governo federal a assumir mais responsabilidades.
“Em 2010 eu já dizia que o debate [da segurança] tinha que ser nacional, e agora ele vai ser, queiram ou não queiram aqueles que ficaram décadas no governo tratando o problema como se ele fosse só dos estados”, afirmou ela.
Além de Giannetti, participam das discussões convidados como: o economista Ricardo Paes de Barros, o ativista Márcio Santilli, o embaixador Rubens Ricupero e a advogada indígena Joênia Wapichana. Marina também ouve o ambientalista e ex-vereador Ricardo Young e a ex-senadora Heloísa Helena.
A Rede diz que quer elaborar seu programa de governo com a participação da sociedade. Estão previstos debates públicos, além do lançamento de uma plataforma na internet para receber contribuições e discutir propostas.
(Folhapress)
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil