Gestão Covas prevê corte de até 146 linhas de ônibus em São Paulo

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A gestão Bruno Covas (PSDB) publicou nesta terça-feira (24) o edital de licitação do sistema de ônibus municipais. Aguardado desde 2013, quando começou a ser organizado pela administração Fernando Haddad (PT), o edital prevê a extinção de 146 linhas de ônibus da cidade e uma redução de 646 veículos da frota.
Segundo a prefeitura, essas reduções seriam compensadas pelo aumento da agilidade do sistema por meio de sua reorganização progressiva e também pela maior oferta de vagas em veículos maiores (seriam acrescidas 105 mil ao todo).
As mudanças começarão a ser implantadas um ano após a assinatura dos contratos, que ocorrerá em junho deste ano. Nas minutas do edital divulgadas previamente, o prazo era de seis meses.
Os contratos atuais de transporte estão vigentes desde 2003. A prefeitura vai selecionar os próximos operadores por 20 anos, num montante estimado em mais de R$ 67,5 bilhões.
O principal foco de mudanças previsto no edital é o sistema de articulação regional, que coletará passageiros em áreas mais adensadas nos bairros e os conectará com ônibus que cumprem distâncias maiores.
Trata-se de um sistema intermediário entre os já existentes local e estrutural, que percorrem curtas e grandes distâncias, respectivamente.
O passageiro que percorre distâncias maiores terá que fazer mais trocas de ônibus pelo caminho. A estimativa é que haja um aumento de baldeações próximo de 4%.
A ideia é que, de um lado, o novo sistema deixe os ônibus locais mais livres, permitindo que eles atendam mais ruas e com esperas menores. De outro, que haja menos interferência desses veículos menores nas grandes avenidas, destinadas aos grandes ônibus. Assim, os ônibus maiores ganhariam em velocidade média.
Segundo João Octaviano Neto, secretário de Transportes, a velocidade média dos veículos deve aumentar com a medida, reduzindo o tempo total de viagem em até 5%.
“Hoje a velocidade média do sistema oscila entre 18 km/h e 20 km/h. Com a nova estrutura, vamos conseguir um crescimento, especialmente nos corredores, até chegar a uma velocidade de 25 km/h, que é bem razoável”, disse.
De acordo com Octaviano, trata-se de otimização do sistema, eliminando a sobreposição de linhas que hoje atrapalharia a prestação do serviço.
“Os técnicos da SPTrans estudaram detalhadamente as linhas, e a ação acontecerá onde há uma sobreposição, de maneira que você retira alguns desses ônibus, dá uma oferta maior de velocidade, uma melhora na viagem”, completa Octaviano.
O modelo ajuda a reduzir o custo do transporte, que hoje requer subsídios de R$ 3 bilhões por ano.
O patamar de subsídios para custear a diferença entre a arrecadação com a tarifa paga pelos usuários e os gastos do sistema de transporte foi no ano passado mais de 50% superior ao montante de gastos da prefeitura paulistana com investimentos em todas as áreas –R$ 1,9 bilhão.
A prefeitura conta com o uso de corredores como parte da renovação do sistema, mas a atual gestão tucana tem sido tímida na execução das obras.
A administração apresentou como meta implementar 72 km de corredores de ônibus até 2020, mas entregou só 3,3 km. Além disso, já remanejou pelo menos R$ 716 milhões do que era previsto em construção de corredores.

(Folhapress)
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil