Psicólogos defendem uma preparação emocional permanente de jogadores


Alvo de críticas nas redes sociais e assunto de grande parte dos comentários desde a vitória do Brasil diante da Costa Rica na sexta-feira (22), o choro do atacante Neymar ao final do jogo da seleção brasileira é interpretado por psicólogos como uma catarse emocional, resultante de uma grande pressão. Especialistas no assunto defendem que as equipes tenham uma preparação mais sólida e contínua para que o fator psicológico não entre em campo.

Para o membro do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, Rodrigo Acioli, faz parte da cultura brasileira questionar choros em público e classificá-los de despreparo emocional. Segundo ele, muitas pessoas avaliam o fato de chorar como apenas um sentimento ruim, mas “não necessariamente” a atitude do craque brasileiro foi sinal de fraqueza.

“Acabou um jogo difícil, estressante. A gente imagina que ele sinta um peso nas costas e quando jogo acaba, essa tensão toda, eles conseguem fazer os dois gols. Só ele pode falar o que sentiu na hora, mas há uma impressão de catarse, um estouro de emoção no finalzinho”, afirmou Acioli.

Relacionando a cobrança da sociedade brasileira, amante do futebol, com a decepção pelas derrotas da última Copa do Mundo, ocorrida em casa, Acioli lembra que a pressão em cima de Neymar foi crescendo ao longo do tempo, ainda mais levando em conta a atuação do jogador português Cristiano Ronaldo.

Para o psicólogo do Esporte e presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte, João Ricardo Cozac, o atacante brasileiro é um “personagem polêmico” que gera “quase uma discussão política” no país entre os que o julgam e condenam, e os que o inocentam.

“Na verdade, não cabe a nós julgar ninguém e sim perceber que não só o Neymar, mas toda essa seleção vive sempre no limite do extremo do controle emocional e qualquer partida que passe por algum tipo de dificuldade e o emocional é testado, a gente percebe que os jogadores e o time como um todo não estão preparados para um desafio dessa magnitude”, testemunha o especialista, há 29 anos na área.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF