‘Impróprio e inadequado’, desabafa Gilmar Mendes sobre fala de Eduardo Bolsonaro

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As declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) sobre ‘fechar’ o Supremo Tribunal Federal (STF) continuam a repercutir na Corte. O ministro Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira, 23, que o comentário do parlamentar, filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), é “extremamente impróprio e absolutamente inadequado”.

Em vídeo feito em julho, Eduardo diz que bastariam “um solado e um cabo” para fechar o STF. “Ali se fala que com um cabo e um soldado se fecha um tribunal. Quando se faz isso, você já fechou alguma coisa mais importante, que é a própria Constituição, ou seja, rasgou a Constituição”, advertiu Gilmar.

“‘Acho que é preciso que isso fique bastante claro, e que haja realmente esse respeito à democracia”, continuou o ministro. “A própria referência a cabo e soldado é imprópria. As Forças Armadas são instituição do Estado brasileiro, não de um partido político. Quando se diz ‘vamos usar um cabo e um soldado’ está se usando as Forças Armadas como milícia, polícia, isso não é próprio”, disse o ministro.

Ao ser questionado se acredita que há risco de maior acirramento de ânimos após as eleições, Gilmar respondeu que as “instituições têm de zelar” para que isso não aconteça.

Os comentários de Eduardo Bolsonaro foram feitos durante uma palestra a alunos de um curso preparatório para concurso da Polícia Federal. Ao responder a uma pergunta sobre uma hipotética ação do Exército caso o STF tente impedir seu pai de assumir a Presidência, o deputado, reeleito por São Paulo neste ano com a maior votação da história, disse que bastariam “um soldado e um cabo” para fechar o Supremo.

Nesta segunda-feira, 22, Jair Bolsonaro disse ter “advertido” o filho. O presidenciável também enviou carta ao ministro Celso de Mello, decano do STF, afirmando que o Supremo “é o guardião da Constituição e todos temos de prestigiar a Corte”.

 

Foto: Nelson Jr. TSE