A um mês do fim do mandato, o governador do Rio Luiz Fernando Pezão (MDB) foi preso nesta quinta-feira, 29, pela Polícia Federal, no Palácio Laranjeiras, sede do Governo do Estado. A ordem judicial é do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O pedido partiu da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Em delação premiada, o operador financeiro Carlos Miranda afirmou que o governador recebia propina em envelopes azuis para não chamar a atenção. As declarações de Carlos Miranda, o “homem da mala” do esquema de propinas atribuído a Sérgio Cabral (MDB), levaram Pezão para a cadeia, na Operação Boca de Lobo, braço da Lava Jato.
“Além do pagamento mensal de R$ 150 mil, havia o pagamento de um 13º também no mesmo valor no final do ano; os recursos eram transportados em envelopes azuis para não chamar atenção”, declarou Carlos Miranda.
O “homem da mala” disse aos investigadores que ele próprio separava os recursos “após o recolhimento de propina nas empreiteiras e prestadores de serviço do Estado do Rio de Janeiro”.
Em petição ao ministro, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que, solto, Pezão poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa. Segundo Raquel, há registros documentais do pagamento em espécie a Pezão de mais de R$ 25 milhões no período 2007 e 2015.
“Valor absolutamente incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à Receita”, registrou a procuradora-geral.
Em valores atualizados, os R$ 25 milhões equivalem a pouco mais de R$ 39 milhões (R$ 39.105.292,42) e corresponde ao total que é objeto de sequestro determinado por Félix Fischer.
De acordo com as investigações, o governador integra o “núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a Administração Pública, com destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro”.
Acusado ficará em ‘sala do
Estado maior’ da PM do Rio
O governador Pezão ficará na “sala de Estado maior” de numa unidade prisional da Polícia Militar em Niterói, cidade da região metropolitana do Rio, informou o delegado da Polícia Federal Alexandre Bessa, responsável pela investigação.
Pezão foi vice-governador do Rio na gestão Sérgio Cabral (MDB) entre 2007 e 2014. Cabral está preso desde novembro de 2016, condenado a mais de 180 anos de prisão. A Operação Lava Jato atribui ao ex-governador o comando de um esquema milionário de corrupção e propinas.
Lava Jato está tirando o país das mãos
de quem o destruía, afirma Bolsonaro
Após a prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), o presidente eleito da República, Jair Bolsonaro (PSL), manifestou apoio à Operação Lava Jato. Pelo Twitter, Bolsonaro afirmou que a operação “está tirando o país das mãos dos que estavam destruindo-o”.
“Os que hoje se colocam contra ou relativizam a Lava Jato, estão também contra o Brasil e os brasileiros. Todo apoio à operação que está tirando o País das mãos dos que estavam destruindo-o!”, escreveu o presidente eleito.
Também pelo Twitter, um dos filhos de Bolsonaro, o senador eleito Flavio Bolsonaro, afirmou que foi um dos primeiros deputados estaduais do Rio a defender o impeachment de Pezão. “Desde 2016 alerto para as consequências da corrupção e incompetência do governador Pezão”, escreveu.
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil