PF e MPF investigam ameaças a Jean Wyllys desde o ano 2012

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As ameaças ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL), que decidiu deixar o Brasil, são investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal desde 2012. O grupo autor das ações terroristas é alvo de pelo menos duas operações policiais: a Intolerância e a Bravata. Marcelo Valle Siqueira Mello, um dos autores, foi condenado em 2012 e 2018

Mello integra o grupo intitulado “Homens Sanctus” e foi preso em maio do ano passado, no âmbito da Operação Bravata. Ele foi condenado a 41 anos de prisão e pagamento de R$ 1 milhão pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14.ª Vara Federal em Curitiba. O magistrado foi o primeiro a usar a nova Lei Antiterrorismo no Brasil.

O Ministério Público Federal pediu a condenação de Mello no ano passado por associação criminosa, pedofilia, racismo, crime de incitação, coação no concurso do processo e terrorismo. O acusado foi condenado em dezembro de 2018. Segundo Josegrei, há provas de que Mello não “cessou suas condutas reprováveis em ambientes virtuais nem mesmo após a sua condenação”, em outro processo aberto em 2012, no âmbito da Operação Intolerância.

O MPF afirma que grupo designado “Homens Sanctos” atua na “disseminação de violência, ódio e preconceito contra minorias, via internet”. “Utilizavam-se do site www.silviokoerich.org e de redes sociais para divulgar conteúdo de inclinação racista e neonazista, incitando a violência contra negros, homossexuais e mulheres, inclusive fomentando a prática de homicídios e estupros.”

 

Primeiro deputado a defender

as causas LGBT no Congresso

 

Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a causa LGBT no Congresso Nacional. O deputado anunciou na última quinta-feira, 24, que abriria mão de seu terceiro mandato e deixaria o País em razão de ameaças e por temer por sua própria vida. Um dos principais opositores do presidente Jair Bolsonaro na última legislatura, ele deverá se refugiar na Espanha.

Em uma carta para seus companheiros de partido, Wyllys afirmou que as ameaças à sua vida e à de sua família se intensificaram no último ano. O documento diz que a Polícia Federal e o Estado brasileiro se calaram frente às denúncias.

Em nota emitida neste sábado, 26, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Sérgio Moro, informou que Marcelo Mello, do grupo Homens Sanctos, havia sido preso e lamentou a decisão do parlamentar de sair do Brasil. O órgão disse que a acusação sobre omissão das autoridades constituídas “não correspondem à realidade”.

 

Foto: Divulgação