Wellington Alves – Foto: Ivanildo Porto
Aos 68 anos, Zeca Aquino nunca fez aulas de música. Paulistano, ele é decano do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o ápice da carreira jurídica, com cadeira cativa no Conselho do Judiciário paulista. Mas a realização pessoal dele passa pela carreira musical. Com estilo, técnica e dedicação, tem feito sucesso em apresentações pelo estado como cantor.
A história de Zeca Aquino pela música passa por um caminho de superação dos próprios medos e entrega à arte. Aos 11 anos, ele começou a cantar sozinho. A paixão cresceu e ele se apresentou ao público, pela primeira vez, no ano seguinte. O Teatro João Caetano, na Vila Clementino, foi o palco do início de uma carreira promissora.
Outras apresentações vieram, junto com a formação de bandas: Álamos, The Galaxies, Beatnicks e Rockfeller. No começo, Zeca Aquino cantava músicas internacionais. Depois, ele migrou para a bossa nova. O ápice foi alcançado com o segundo lugar no Concurso Universitário da Canção, na TV Tupi, em 1973.
Zeca Aquino poderia continuar na música, mas preferiu abandonar totalmente a atividade. Ficou 20 anos sem cantar e “pegar em um violão”. Ele tinha medo de sofrer preconceito na carreira jurídica. “Falavam que cantor era vagabundo e não dava dinheiro.”
Para voltar à música, Zeca Aquino contou com um grande incentivador: o presidente da Associação Paulista dos Magistrados, Sebastião Amorim. “Ele disse que se eu voltasse a cantar poderia ajudar a superar o preconceito de que pessoas da carreira jurídica não podem se envolver com arte”, recorda.
Zeca Aquino decidiu retomar à paixão, procurou os antigos amigos e recomeçou a carreira musical. Atualmente, como decano do Tribunal de Justiça de São Paulo, tem grande responsabilidade. O trabalho é integral para o Judiciário paulista de segunda a sexta-feira. Aos sábados e domingos, porém, o tempo é dedicado à música. E se as carreiras parecem distintas, Zeca Aquino garante que elas são complementares. “A sensibilidade do artista ajuda a julgar com maior realidade os fatos”, afirma.
Gratidão é o novo CD do cantor
Em sua carreira, Zeca Aquino tem 12 CDs lançados. O novo sucesso é “Gratidão”, apresentado ao público em maio. Neste mês, o cantor terá shows no dia 15, em Taubaté, e no dia 17 em Ilhabela, no tradicional Festival do Camarão.
“Gratidão é uma das mais importantes virtudes. Eu acho que a gente sempre deve ter gratidão. Tenho gratidão a determinadas pessoas e nunca me neguei a falar sobre isso”, afirma o decano, sobre sua nova obra. Ele também se orgulha “de emprestar” o baterista Norival D’Angelo para o rei Roberto Carlos.
Quem quiser conferir mais informações sobre o cantor ou adquirir suas canções é só acessar o site zecaaquino.com.br, além dos aplicativos de música disponíveis na internet. Contatos para shows podem ser feitos com Fernando Ramos (19 97402-7613).
Zeca Aquino é o desembargador mais antigo do TJSP
Durante os 20 anos em que ficou afastado da música, Zeca Aquino consolidou brilhante carreira no campo jurídico. Ele começou como promotor de Justiça, em 1975, em São Caetano do Sul. Depois passou por várias cidades da Grande São Paulo, até chegar à capital paulista. Em dez anos, foi promovido à procurador de Justiça do Estado. Além de exercer vários cargos em órgãos paulistas, foi nomeado desembargador. Hoje, é o decano, ou seja, o desembargador mais antigo do Judiciário paulista.
Ao refletir sobre as carreiras como desembargador e cantor, Zeca Aquino se reconhece como um homem realizado. “Pouca gente consegue chegar aonde eu cheguei, tanto na música, na profissão e na família.” Ele está no segundo casamento, tem três filhos e uma netinha, Lara, de nove meses, que é a única com foto em sua mesa no TJSP. “No início não dediquei tanto tempo para os meus filhos por causa do trabalho. Agora, a atenção é total para a neta”, garante.
