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Baixada Santista já é 2ª região com mais casos de coronavírus no Estado de SP

No Estado de São Paulo, a Baixada Santista já concentra o maior número de casos e mortes por covid-19 fora da região metropolitana, epicentro da doença. Se, em um primeiro momento a disseminação foi provocada pelo alto fluxo de visitantes, agora a transmissão acontece devido à própria conectividade entre as cidades da região, segundo o professor Raul Borges Guimarães, especialista em geografia da saúde da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “As cidades dessa faixa do litoral são muito conectadas entre si”, explicou.

Com metade da população, os nove municípios da Baixada Santista tinham, nesta segunda-feira, 25, praticamente o dobro de casos e mortes de coronavírus do que as cinco maiores cidades do interior de São Paulo. Com 1,8 milhão de habitantes, essa região do litoral paulista atingiu 6.088 casos positivos e 328 mortes. No interior, Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Sorocaba e São José do Rio Preto, com população de 3,7 milhões, somavam 3.752 casos e 159 óbitos.

Os prefeitos da Baixada alegam que a incidência maior da covid-19 no litoral se deve ao fluxo intenso de visitantes, principalmente da capital, onde a doença está mais instalada. Santos, a cidade litorânea mais atingida, com 433 mil habitantes, tinha 2.700 casos e 107 mortes, enquanto Campinas, de 1,2 milhão de habitantes e com maior número de casos no interior, registrou 1.335 casos e 53 mortes. Comparada a São José dos Campos, que fica praticamente à mesma distância da capital, a cidade da Baixada tem pelo menos o triplo de casos e mortes. Em São José, de 722 mil habitantes, eram 665 casos e 31 mortes.

Conforme o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), cerca de 5 milhões de visitantes procuram as praias da região todos os anos, principalmente no verão. Somente Praia Grande, a segunda cidade mais infectada, com 1.425 casos e 53 mortes, recebeu 2,4 milhões de turistas em 2019. Praia Grande aparece em 11.o lugar entre as cidades brasileiras que mais recebem turistas, atrás apenas de capitais de estados. Outros 2,4 milhões visitaram Santos e Guarujá. A maioria dos visitantes procede da capital e costuma descer a serra apenas para lazer.

Na tentativa de reduzir a disseminação, as prefeituras da região fecharam as praias e instalaram barreiras sanitárias nos acessos As medidas foram reforçadas durante o feriadão na capital, emendado com o feriado estadual desta segunda-feira. Itanhaém e Peruíbe conseguiram medida judicial para bloqueios em rodovias, mas a liminar foi cassada pelo Tribunal de Justiça. Mesmo assim, segundo o presidente da Condesb e prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), as cidades receberam visitantes e o isolamento social caiu. Com 53%, Santos ficou abaixo da média do Estado, neste domingo, de 55%.

Os visitantes também causam impacto na rede hospitalar, segundo o prefeito de Santos. No último dia 12, o conselho pediu ao governo do estado para desobrigar a rede pública da Baixada Santista de atender pacientes com coronavírus que fossem de fora da região. “Nosso pedido é que o Estado possa transferir para outras regiões que estejam com taxa de ocupação de leitos baixa. Os atendimentos devem ser feitos preferencialmente em hospitais da região de origem dessas pessoas”, disse.

Como resposta, o governo prometeu ampliar os leitos no Hospital Regional de Itanhaém. Na sexta-feira (22), o órgão reiterou pedido feito há um mês de 137 respiradores para os hospitais da região para reduzir a ocupação de leitos de UTI. Só em Santos, a taxa de ocupação atingiu 83% no domingo. Na rede privada, a ocupação era ainda maior, de 90%. Do total de 421 pacientes internados na cidade, 228 (54%) eram de outros municípios. Para o infectologista Marcos Caseiro, do comitê da Covid-19 na região, a Baixada Santista está com o número de casos em ascensão e corre risco da falta de leitos hospitalares. “Não estamos falando de pacientes que ficam dois, três dias na UTI. Falamos de enfermos que ficam, em média, 22 dias”, disse.

Para o professor Raul Guimarães, especialista em geografia da saúde da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Santos e Campinas fazem parte do que se denomina macro metrópole paulista, com áreas urbanas muito conectadas. “A proximidade com São Paulo é maior e a conectividade é mais forte do que com São José dos Campos e Sorocaba. Infelizmente, o crescimento dos casos na Baixada Santista seria inevitável. Mas, agora a transmissão ocorre na própria população da Baixada Santista que, aliás, proporcionalmente tem mais idosos do que a cidade de São Paulo, o que aumenta o risco de casos graves.”

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