Pandemia faz turismo ter prejuízo de R$ 245,5 bi de março a novembro, diz CNC

Imagen de archivo de turistas tomando fotografías en lo alto del monte del Corcovado, con el Pan de Azúcar al fondo en Río de Janeiro, Brasil. 31 enero 2020. REUTERS/Lucas Landau
Único jornal diário gratuito no metrô

As atividades turísticas já somam um prejuízo de R$ 245,5 bilhões desde o agravamento da pandemia do novo coronavírus no País, em março deste ano. Atualmente, o setor opera com apenas 39% da sua capacidade mensal de geração de receitas, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

As perdas mensais de faturamento do turismo brasileiro cresceram de R$ 13,38 bilhões em março para R$ 36,94 bilhões em abril, até o pico de R$ 37,47 bilhões em maio. Houve melhora discreta desde então, descendo a R$ 34,18 bilhões em junho, R$ 31,87 bilhões em julho, R$ 29,02 bilhões em agosto, R$ 24,98 bilhões em setembro, R$ 20,73 bilhões em outubro e R$ 16,91 bilhões em novembro.

Em meio ao novo agravamento da pandemia de covid-19 em diferentes estados brasileiros, o ritmo de perdas do turismo deve voltar a se agravar.

“O setor vislumbrava melhora no início de 2021, com a possibilidade de uma vacinação, mas agora vai amargar perdas maiores”, alertou o economista Fabio Bentes, responsável pelo cálculo da CNC.

Bentes menciona a existência de incertezas e dificuldades quanto a um plano de vacinação em escala suficiente para abranger toda a população.

“Temos eventos importantes para o turismo que foram cancelados, como o carnaval no Rio e em Salvador, que são como o Natal do setor de turismo. O réveillon também foi cancelado. No primeiro trimestre de 2021, essas perdas vão aumentar, porque são eventos importantes para o setor que não acontecerão, tendo como pano de fundo um agravamento da pandemia. A situação pode piorar com esses cancelamentos, mas também por conta de medidas mais restritivas de circulação de turistas nacionais”, contou o economista da CNC.

Mais da metade (51%) do prejuízo apurado até agora pelo setor ficou concentrado nos estados de São Paulo (R$ 88,3 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 36,8 bilhões). A estimativa da CNC considera o que o turismo deixou de arrecadar desde a segunda quinzena de março até o fim de novembro, tendo como base informações das pesquisas conjunturais e estruturais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de séries históricas referentes aos fluxos de passageiros e aeronaves nos 16 principais aeroportos brasileiros.

A CNC prevê que o faturamento real do setor de turismo encolha 39,1% em 2020, com perspectiva de retorno ao nível pré-pandemia apenas no segundo trimestre de 2023. As atividades turísticas cresceram 7,1% na passagem de setembro para outubro, a sexta taxa positiva seguida dentro da Pesquisa Mensal de Serviços, com ganho acumulado de 102,6% no período, informou nesta sexta-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o setor de turismo brasileiro ainda precisa avançar 54,7% para retomar o patamar de fevereiro, no pré-pandemia.

A queda na arrecadação teve consequências sobre os empregos no setor. Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria do Trabalho mostram que 469,4 mil postos de trabalho formais em atividades turísticas foram eliminados de março a outubro deste ano, uma redução de 12,9% da força de trabalho do setor. Na média de todos os setores da economia, o total de trabalhadores ocupados com carteira assinada diminuiu 0,8% no período.

Os maiores cortes de vagas ocorreram nos segmentos de serviços culturais (-45% de ocupados ou 8,7 mil postos a menos), agências de viagens (-28% ou -19,1 mil pessoas) e de hotéis, pousadas e similares (-21% ou -72,1 mil trabalhadores).