Butantan pede autorização à Anvisa para testar soro contra covid em humanos

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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciou nesta sexta-feira, 5, ter feito uma solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para autorizar o início de estudos clínicos em pessoas de um soro de tratamento para a covid-19. Ele disse que um dossiê com os resultados foi enviado na terça-feira, 2, cujo retorno com observações é esperado até o fim do dia.

Assim como em uma iniciativa no Rio e pesquisas em outros países, como na Argentina, o soro é desenvolvido a partir do plasma de cavalos. Segundo o diretor, o estudo se mostrou seguro e efetivo nos testes pré-clínicos, feitos em camundongos e coelhos. “Está mostrando resultados extremamente promissores. Esperamos que a mesma efetividade seja mostrada nesses estudos clínicos”, disse, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.

Ao todo, três mil frascos estão prontos para iniciar o estudo clínico, que será realizado em pacientes transplantados do Hospital do Rim e com comorbidades do Hospital de Clínicas, ambos da capital paulista, nos quais serão conduzidos, respectivamente, pelos médicos José Medina e Esper Kallas.

“Esse material foi todo desenvolvido no Butantan. O vírus foi isolado de um paciente brasileiro. Foi, na sequência, cultivado, inativo, submetido a vários testes em camundongos e, finalmente, levado a imunizar os animais”, explicou Dimas Covas.

“Esses animais (cavalos) foram submetidos a esse vírus e, na sequência, produziram anticorpos. O plasma desses animais foi coletado e processado nas nossas instalações, dando origem ao produto.”

Ao longo do estudo, foi constatada a diminuição da inflamação dos pulmões de hamsters após um dia de tratamento, o que pode contribuir na redução da letalidade da covid-19. “Esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora nesses estudos clínicos, que poderão ser autorizados na próxima semana para ter o seu início”, destacou o diretor.

Em entrevista ao Estadão em fevereiro, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de inovação do Butantan, explicou que o vírus foi inativado por radiação para poder circular sem risco. “Fizemos análise bioquímica, caracterizamos o vírus, as proteínas, se era capaz de produzir anticorpos, se eram capazes de neutralizar o vírus ativo. Isso tudo feito”, comentou.

Estado de SP anuncia novas faixas etárias para vacinação na segunda

Na coletiva, o governador João Doria (PSDB) destacou que anunciará, na segunda-feira, 8, as próximas etapas de vacinação contra covid-19 para idosos abaixo de 77 anos. Ao todo, foram aplicadas 3.079.945 vacinas no Estado, das quais 761.107 de segunda dose.

A ampliação ocorre em um momento em que São Paulo vive um aumento de casos, óbitos e internações por covid-19. Em média, 3 pessoas são hospitalizadas a cada 2 minutos no Estado por causa da doença.

No caso de hospitalizações relacionadas à covid-19, houve um aumento de 13,5% na média diária, que chegou a 2.066 novos pacientes por dia. Em comparação a três semanas atrás, na segunda de fevereiro, isso representa uma elevação de 42,4%.

No caso de óbitos, a média diária da semana é de 273, um aumento de 13,2% em relação à semana anterior. As médias são consideradas parciais, por enquanto, pois não incluem dados dos dois últimos dias da semana epidemiológica (a sexta-feira, 5, e o sábado, 6).

Doria destacou, ainda, que um novo hospital de campanha montado dentro de uma unidade hospitalar já existente será anunciado na segunda-feira. 8. Ele justificou que não será nos moldes de outros do ano passado, como os montados em estádios de futebol e com leitos majoritariamente de enfermaria, mas sim voltados aos pacientes mais graves.

“Nós precisamos de quartos com equipamentos de UTI. Essa é a razão fundamental pela qual não optamos pelas tendas”, comentou. Ele também completou a fala do secretário ao dizer: “Nós não queremos atender pacientes em corredores. Vamos atender em quartos e de forma digna.”

São Paulo soma 2.093.924 casos e 61.064 óbitos pelo novo coronavírus. A ocupação é de 77,4% em leitos de UTI, média que é de 79,1% na Grande São Paulo. Nas enfermarias, a ocupação é de 59,6% e 66,9%, respectivamente.

O número de pacientes internados chegou a 17.802 na quinta-feira, 4, dos quais 9.910 estão em enfermaria e 7.892 em unidades de terapia intensiva. Na terça-feira, 2, o Estado teve o maior registro de confirmações de mortes pela doença de toda a pandemia, chegando a 468. Na quinta-feira, 313 óbitos foram confirmados.