Vacinação para idosos de 60 a 62 anos em SP tem filas com quase 5h de espera

Único jornal diário gratuito no metrô

Idosos de 60, 61 e 62 anos tiveram que esperar quase cinco horas na fila das unidades básicas de saúde (UBSs) da capital paulista para se vacinar contra a covid-19 na manhã desta quinta-feira, 6, primeiro dia de imunização para essa faixa etária no Estado. De acordo com as estimativas do próprio governo, esse grupo contém aproximadamente 1,4 milhão de pessoas.

A reportagem do Estadão encontrou filas que dobravam o quarteirão, com centenas de idosos e acompanhantes, em pelo menos cinco UBSs da capital. Na unidade Vila Anglo, em frente ao Allianz Parque, na Barra Funda, zona oeste, quem chegou às 7h30 só conseguiu receber a vacina depois do meio-dia. “Tranquilo não é, mas a gente vai fazer o quê? Tem que tomar, né?”, comentou o analista de sistemas Renir Abreu, de 60 anos.

Por ser trombofílico, Abreu conta que antes foi em outras duas unidades, na Barra Funda e na Pompeia, à procura da vacina da Pfizer, que também começou a ser distribuída hoje no Estado. O imunizante também tinha a preferência do advogado Douglas Giovannini, de 60 anos. “É a que tem mais eficácia, né? Não que eu não tomasse as outras, mas prefiro essa”, comenta.

Ele e a esposa, a também advogada Magda Piedade, de 60 anos, chegaram à UBS às 9h20. Mais de três horas depois, cerca de cem pessoas ainda estavam na frente do casal. Magda conta que aproveitou o tempo de espera e foi até a lotérica fazer um jogo, enquanto o marido aguardava na fila lendo um livro. “Se isso fosse uma história de ficção, eu diria que todos os personagens morrem de covid no final”, ela aponta, reclamando que em um ano e meio de isolamento nunca esteve tão exposta ao vírus como agora.

Magda não está errada. Apesar de a máscara ser uma constante em todos os presentes na fila da vacinação, o distanciamento social era praticamente impossível de ser praticado, e os idosos acabavam esbarrando com clientes dos estabelecimentos e pedestres. Em toda a calçada, pessoas se sentavam no meio-fio ou aproveitavam o toldo de bares e restaurantes e a sombra das árvores para se protegerem do sol forte que castigava nesta manhã.

“É falta de planejamento e estratégia de organização. Não seria mais fácil ter duas pessoas com um tablet na mão, checando se os pré-cadastros no site estão certo?”, questiona Magda.

Nem o fato de ser cadeirante e ter se cadastrado previamente no site Vacina Já, como o governo do Estado recomenda, ajudou a acelerar o atendimento de Marinalva Santana. Aos 60 anos, ela foi se vacinar com o marido Hélio Antonio de Souza, também de 60, e precisou contar com a solidariedade dos comerciantes para se proteger do sol. “O pessoal do bar nos abrigou, graças a Deus”, comemora, enquanto espera sua vez chegar desde as 8h15.

Na entrada, quatro funcionárias checavam o cadastro das pessoas no sistema, enquanto outras três se revezavam no interior da unidade para aplicar a vacina. Além da Vila Anglo, as filas quilométricas também foram registradas nas UBSs de Santa Cecília, Santo Amaro, Pirituba e Chácara Inglesa durante esta manhã.

Vacina da Pfizer

Na cidade de São Paulo, serão oferecidas 135,7 mil doses do imunizante contra o coronavírus da farmacêutica americana Pfizer, cujo primeiro lote chegou ontem, e 400 mil doses da vacina de Oxford/Astrazeneca. A aplicação da segunda dose da Coronavac ocorre simultaneamente para idosos de outra faixa etária.

Devido às exigências de armazenamento da vacina da Pfizer, cujos frascos devem ficar guardados entre -25º e -15º por até duas semanas, as doses não serão aplicadas nos “drive-thrus” e ficarão disponíveis nas 468 UBS da capital, conforme orientação do Ministério da Saúde.

Segundo o prefeito em exercício, Ricardo Nunes, a distribuição deve ser uniforme. “Não será uma vacina que estará especificamente numa região ou outra. A SMS (Secretaria Municipal da Saúde) decidiu fazer a distribuição de uma forma igual”, afirmou.

Diferentemente da Coronavac e da Oxford/AstraZeneca, o imunizante da Pfizer exige temperaturas entre -90º e -60º para a conservação de longo prazo, embora tolere temperaturas de até -15ºC por 14 dias. Se retirados do congelador, os frascos podem ser armazenados por até cinco dias nas temperaturas entre 2º e 8º.

Para dar continuidade à vacinação com as doses da Pfizer, a Secretaria Municipal da Saúde alterou a configuração de uma de suas câmaras frias de 100 metros cúbicos para -25°C. O município conta ainda com outras câmaras em quatro pontos de distribuição, que será feita em transporte especializado para vacinas congeladas.

De acordo com o secretário municipal da saúde, Edson Aparecido, a cidade tem capacidade para armazenar quatro milhões de doses do imunizante. “Todas as nossas unidades foram capacitadas com refrigeradores para receber as vacinas da Pfizer”, disse. O próximo lote com as vacinas da Pfizer está previsto para chegar à capital no dia 17 maio.