Mancha na unha pode ser sinal de câncer de pele: entenda a importância do diagnóstico e tratamento precoce

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Os cânceres de pele são os mais incidentes no Brasil, representando cerca de 33% os tumores malignos registrados — um número que chega a 185 mil novos casos por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O melanoma corresponde a 5% deste total, mas, apesar de ser um dos tipos de tumores que afetam o órgão com menor prevalência entre a população, é considerado o mais grave e com grande potencial metastático.

Quando a doença ocorre nas unhas, também conhecida como melanoma subungueal ou câncer de unha, a Dra Sheila Ferreira, oncologista da Oncoclínicas em São Paulo, conta que as manchas podem variar entre tons de marrom e cinza. “Muitas vezes pode ser apenas uma lesão benigna — como um hematoma ocasionado por um impacto ou ainda por uma infecção localizada -, mas que não deve ser desconsiderada em um possível diagnóstico de melanoma ou outro tipo de tumor de pele”, reforça a médica.

Além disso, a oncologista complementa que é fundamental que as manchas sejam investigadas o quanto antes. “É preciso buscar aconselhamento médico especializado principalmente quando a mancha surge repentinamente, sem algum acontecimento relacionado que justifique. Para comprovar se aquela alteração representa de fato um melanoma da unha, é necessário realizar a biópsia”, frisa a especialista.

Feito o diagnóstico da lesão cancerígena, é recomendável a ressecção cirúrgica da área. Considerando o tumor localizado entre a cutícula e a unha, o procedimento consiste na retirada de todo o tecido comprometido, podendo chegar até o osso. Em situações mais graves, pode ser necessária a amputação parcial ou completa do dedo.

Em estágios mais avançados da doença, além da cirurgia, o tratamento pode envolver radioterapia e/ou uso de terapia-alvo ou mais raramente quimioterapia Adicionalmente, diversos estudos apontam boas respostas de pessoas diagnosticadas com melanoma à chamada imunoterapia, medicação que estimula o sistema imunológico do paciente, fazendo com que o próprio sistema de defesa do organismo passe a reconhecer e combater as células “estranhas”.

“Os sintomas não devem ser ignorados, mesmo que não causem dor ou algum outro tipo de desconforto. O melanoma pode avançar para os nódulos linfáticos e levar ao surgimento de metástases no cérebro, fígado, ossos e pulmões. O diagnóstico precoce é fundamental para o combate ao câncer”.

De acordo com Sheila Ferreira, esse tipo de tumor surge por conta do crescimento anormal dos chamados melanócitos, células que produzem a melanina, dando cor e pigmentação à pele. “Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica. Evitar a exposição excessiva e constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida — e isso vale desde a infância. Vale lembrar que, mesmo áreas não expostas diretamente ao sol e menos visíveis — como o couro cabeludo — podem apresentar manchas suspeitas”, diz.

O câncer de pele melanoma é, na maioria das vezes, agressivo. “São geralmente casos que se iniciam com pintas ou manchas escuras na pele, novas ou de nascença, que passam a apresentar modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como ABCDE — Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro e Evolução”, explica a especialista.

  • Assimetria: quando metade da lesão é diferente da outra parte
  • Bordas: se a pinta, sinal ou mancha apresenta um contorno irregular
  • Cor: quando a lesão possui cores diferentes, podendo ser entre vermelho, marrom e preto
  • Diâmetro: caso a lesão apresente um diâmetro maior do que 6 mm
  • Evolução: mudanças nas características da lesão ao longo do tempo (tamanho, forma, cor)

“Trazer informações sobre o assunto é fundamental para que cada vez mais pessoas conheçam os sinais do seu próprio corpo e consigam identificar alguma anormalidade da pele. Além disso, deve-se sempre destacar sobre a necessidade do uso do protetor solar diariamente, sendo ele uma das principais alternativas para a prevenção da doença que atinge milhares de pessoas todos os anos. A boa notícia é que, atualmente, temos diversas opções de tratamento e que as chances de cura aumentam muito quando o diagnóstico é feito em estágios iniciais, daí a importância de procurar precocemente auxílio médico na identificação de uma lesão suspeita”, finaliza Sheila Ferreira.