Mujeres Fuertes: mães venezuelanas recebem apoio para conquistar autonomia no Brasil

Foto: ACNUR/Felipe Irnaldo
Único jornal diário gratuito no metrô

A venezuelana Yoheli Carolina Laya Bolivar, de 36 anos, desembarcou há dois anos e meio no Brasil com os filhos Paolo e Camilo, de 10 e 12 anos, fugindo da fome e da insegurança de seu antigo país.

Mãe solteira em Manaus, diariamente ela divide o tempo entre preparar os meninos para a escola, organizar as tarefas domésticas e produzir trufas para custear o aluguel da casa onde moram, em uma vila na Zona Leste da cidade.

“Tem que se desdobrar todos os dias. Você tem que assumir vários papeis: enquanto os filhos estão na escola, faço as comidas de casa e os brigadeiros e trufas para vender. Pela manhã, tomo o ônibus para estudar sobre preparação de alimentos. E assim vai…”

Durante quatro semanas de abril, Yoheli e um grupo de 50 mulheres chefas de família estudaram técnicas de auxiliar de cozinha, em um curso ofertado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-AM) por meio do Projeto Mujeres Fuertes.

“Muitas coisas aprendemos aqui no laboratório. Com o certificado do curso, o próximo passo é conseguir montar meu próprio negócio para conseguir conciliar casa e trabalho com mais tranquilidade”, comenta a venezuelana ao lado do pequeno filho, Paolo, presente na formatura.

Uma iniciativa conjunta da associação Hermanitos, Ministério Público do Trabalho (MPT-AM/RR) e Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Projeto Mujeres Fuertes busca apoiar refugiadas e migrantes no início de sua jornada empreendedora ou inserção no mercado de trabalho em Manaus.

“O objetivo é empoderar e dar autonomia financeira a chefas de família venezuelanas. Além dos cursos de empreendedorismo e gastronomia, elas terão um pequeno auxílio financeiro do ACNUR para custear suas necessidades básicas enquanto empreendem ou se inserem no mercado de um novo país”, explica uma das idealizadoras da iniciativa, a procuradora do MPT, Alzira Melo Costa.

Josefina Ortiz, de 51 anos, também é uma das chefas de família participantes..

Por mais de 35 anos atuando na área de educação na Venezuela, ela trabalhou em várias áreas – dentre elas a cozinha – quando foi forçada a se deslocar para o Brasil há dois anos.

Ela comenta que a experiência da equipe do SENAI-AM, dos professores Sales e Zenildes, a fez conhecer mais sobre a culinária do Brasil e sonhar com uma fonte de renda estável no país.

“Eles ensinaram muitas coisas novas para todas nós. Mais do que aprender, acho que todas nós saímos animadas a aplicar esse conhecimento em alguma das nossas atividades do dia a dia”.