Com o crescente interesse dos consumidores por veículos mais sustentáveis e a queda na intenção de posse de automóveis particulares, um estudo da McKinsey, divulgado em 2022, destaca que as empresas de transporte por aplicativo estão posicionadas para liderar a revolução dos carros eletrificados no Brasil.
A pesquisa prevê que até 2040 os carros elétricos representarão 85% da frota de veículos utilizados por motoristas de aplicativos no País. Este número é quatro vezes maior do que a estimativa para carros elétricos de uso pessoal, que deve atingir 21% no mesmo período.
“Hoje, a economia que o motorista de aplicativo tem com o uso do carro eletrificado chega a 80% em relação ao modelo a combustão, quando analisamos os custos com combustível e manutenção”, destaca Thiago Hipolito, diretor de Inovação e líder de DriverLAB na 99, empresa de tecnologia voltada à mobilidade urbana e conveniência.
No entanto, o estudo também destaca que o custo inicial de aquisição dos veículos elétricos ainda é uma barreira para muitos motoristas. Para enfrentar esse desafio, algumas ações são indicadas pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Entre as propostas estão: redução na tributação desses automóveis e financiamento diferenciado, utilizando como parâmetro métricas de ESG. Atualmente, o setor de transporte é responsável por cerca de 13% das emissões de CO² no país, de acordo com a Anfavea.
Crescimento
A perspectiva de crescimento no setor de carros elétricos é promissora. A McKinsey estima que as receitas provenientes de veículos elétricos atinjam US$ 65 bilhões até 2040, com a circulação de 11 milhões de automóveis elétricos no Brasil, representando 20% da frota total.
O cenário já mostra sinais de avanço, com dados recentes da Anfavea indicando um aumento acentuado nas vendas de veículos elétricos no país. O número de automóveis elétricos registrados aumentou 43,75% entre janeiro e novembro de 2022 em comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto o emplacamento de caminhões e ônibus elétricos cresceu 205% na mesma comparação.
Para promover a adoção de veículos elétricos e híbridos, a 99 lidera, desde 2022, a Aliança pela Mobilidade Sustentável, uma colaboração com montadoras, empresas de locação e instituições financeiras, que busca facilitar o acesso a veículos eletrificados e promover a infraestrutura necessária para os motoristas parceiros
Queda no uso do transporte público
A eletrificação da frota também ocorre com outros modais. Iniciativas no país buscam a migração dos ônibus para a utilização de uma fonte de energia mais sustentável, com algumas cidades já utilizando veículos elétricos.
O processo de transformação e desenvolvimento ocorre em um momento de recuperação da demanda do sistema de transporte público, após os reflexos da pandemia.
O Anuário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) constatou uma diminuição de 24,4% na utilização de ônibus urbanos. Os dados correspondem ao período de 2019 a 2022.
De acordo com o levantamento, cerca de 33 milhões de passageiros, em média, circulavam em ônibus urbanos por dia em 2019. Com a queda na demanda registrada no país, esse número passou para aproximadamente 25 milhões em 2022.