Milhares protestam contra Temer em SP

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ANGELA BOLDRINI, ARTUR RODRIGUES, PAULA REVERBEL
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sem a presença do ex-presidente Lula, um ato em São Paulo que pedia a saída do presidente Michel Temer e a realização de novas eleições diretas reuniu, neste domingo (4), mais manifestantes do que outro protesto realizado em junho com a presença do líder petista, segundo a reportagem da Folha de S.Paulo.
O ato -o maior ato desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), na última quarta (31), com milhares de pessoas-, foi tranquilo durante quase todo o tempo, mas terminou com confusão e bombas de gás lançadas pela Polícia Militar.
Da av. Paulista, onde teve início às 16h30, até o largo da Batata, onde terminou por volta das 20h45, o ato foi tranquilo. Segundo relatos, porém, a saída repentina de policiais da estação de metrô no largo assustou a multidão.
Adeptos da tática black bloc, que durante todo o ato foram contidos pelos participantes começaram a agir, o que fez a PM responder com as bombas.
Uma das preocupações dos organizadores era justamente que a manifestação não fosse tomada por atos violentos, como ocorreu semana passada, com black blocs destruindo fachadas de lojas e concessionárias. Organizadores diziam que eles não seriam bem-vindos.
Um grupo que incluía parlamentares como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), a candidata a prefeita Luiza Erundina (PSOL) e o candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) se colocou à frente para, segundo eles. formar barreira contra a violência policial.
“São Paulo está sendo o principal centro de resistência ao governo Temer, é aqui que está tendo passeata dia a dia”, disse Lindbergh.
Ele afirmou que estuda entrar, junto com Teixeira, com uma representação contra a violência da polícia na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).
A PM não fez estimativas do número de manifestantes, assim como não fizera em junho. Guilherme Boulos, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) estimou em 100 mil os participantes.
“40 PESSOAS”
Com gritos de “diretas já!” e faixas com o slogan “fora, Temer”, o grupo ironizou a fala do presidente no sábado (3),em visita à China, de que os atos reuniam 40 pessoas.
“Ontem [sábado] o presidente golpista do Brasil disse que a nossa manifestação teria 40 pessoas. Aqui estão as 40 pessoas. Já somos quase 100 mil na av. Paulista”, discursou, no início do ato.
Em outro ataque a Temer, Boulos disse que “melhor seria estar ao lado de 40 manifestantes do que em um governo de 40 ladrões”, numa aparente referência ao ministério do presidente que assumiu na última quarta (31).
A manifestação foi convocada pelas frentes de esquerda Povo Sem Medo e Brasil Popular, compostas por movimentos como o MTST e CMP (Central de Movimentos Populares).
Diferentemente do que ocorreu nas últimas manifestações, a polícia não fechou os cruzamentos da av. Rebouças por onde o ato passou. Houve momentos de tensão, com carros tentando passar entre os manifestantes.
Os próprios manifestantes ajudaram a cuidar da segurança do ato.
Mais bem organizado, o ato reuniu um público mais velho do que em outros protestos.