Coreia do Norte anuncia a realização de seu quinto teste nuclear

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JOHANNA NUBLAT, ENVIADA ESPECIAL
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – A Coreia do Norte afirmou ter conduzido seu quinto teste nuclear na manhã desta sexta-feira (9), ainda noite de quinta (8) no Brasil.
“Cientistas e técnicos da RPDC [República Popular Democrática da Coreia] promoveram um teste de explosão nuclear para avaliação da potência de uma ogiva nuclear recentemente desenvolvida (…) dentro no plano do Partido dos Trabalhadores de desenvolver força nuclear estratégica”, diz nota publicada no site da agência norte-coreana KCNA.
Segundo a KCNA, o teste avaliou e confirmou a estrutura e as características do movimento da ogiva que foram padronizados para uso em foguetes balísticos, o que permitirá ao país produzir “uma variedade de ogivas nucleares menores, mais leves e diversificadas, de maior poder de ataque”.
Antes mesmo da confirmação, o vizinho do Sul já falava na possibilidade de mais um teste nuclear comandado por Pyongyang, frente ao registro de um terremoto de magnitude de 5,3 na Coreia do Norte identificado como uma explosão.
Segundo um especialista consultado pela Reuters, as características do tremor indicam que esse foi o teste mais potente já desencadeado pela Coreia do Norte.
Os demais testes ocorreram em 2006, 2009, 2013 e em janeiro deste ano. Este último teste ocorre em meio à celebração de 68 anos da fundação da Coreia do Norte.
“O teste é uma demonstração da forte vontade do Partido dos Trabalhadores e do povo coreano de estarem sempre preparados para retaliar contra os inimigos em caso de provocações”, afirma a agência norte-coreana, que cita as “forças hostis comandadas pelos Estados Unidos, desesperadas na sua tentativa de identificar erros no exercício do direito de autodefesa do Estado soberano, enquanto negam categoricamente a posição estratégica da RPDC como Estado nuclear de pleno direito”.
A agência disse, ainda, que não houve vazamento de material nuclear no teste, nem impacto ambiental.
Até o início desta sexta, os russos não haviam identificado níveis anormais de radiação nas proximidades da Coreia do Norte.
REAÇÕES
O teste provocou uma chuva de condenações por parte da comunidade internacional.
A China, principal aliado de peso de Pyongyang, disse se opor ao exercício nuclear do vizinho e cobrou o compromisso pela desnuclearização do país, disse o jornal oficial chinês “People’s Daily”.
Os russos também recriminaram o regime. “Insistimos que a Coreia do Norte interrompa seus perigosos jogos e implemente de maneira incondicional todas as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse um comunicado da chancelaria de Vladimir Putin.
A chefe para política externa da União Europeia, Federica Mogherini, também alertou para o descumprimento das normas internacionais. “É mais uma direta violação das obrigações internacionais de não produzir ou testar armas nucleares, como estabelecido por múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e uma grave ameaça à paz e à segurança da região e também fora dela.”
A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, disse que Pyongyang manifestava “imprudência fanática” ao ignorar a cobrança da comunidade internacional para que deixasse de lado sua aposta nas armas nucleares.
A bordo de seu avião, voltando aos Estados Unidos após uma viagem ao Laos, o presidente americano, Barack Obama, foi informado sobre o tremor e disse que provocações desencadeariam “consequências sérias”.
Em julho, pela primeira vez, os Estados Unidos impuseram sanções pessoais a Kim Jong-un, e a outras dez pessoas, por desrespeito aos direitos humanos. A ação deixou os norte-coreanos irritados, e o governo de Pyongyang disse entender as sanções como “uma declaração de guerra”.
Em nota, o Itamaraty afirmou repudiar “veementemente o teste nuclear” norte-coreano e que considera “inaceitável que arsenais atômicos continuem a desempenhar papel importante em doutrinas militares”.