Cabos eleitorais protestam contra suposto ‘calote’ de Russomanno

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ANA LUIZA ALBUQUERQUE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Celso caloteiro, eu quero o meu dinheiro.” As palavras de ordem foram ouvidas na tarde desta quarta-feira (5) em frente à sede do PRB, partido de Celso Russomanno, que concorreu à Prefeitura de São Paulo na última eleição.
Cerca de 30 pessoas passaram o dia no local reivindicando o pagamento do trabalho de cabo eleitoral que dizem ter feito na campanha de Russomanno. Os manifestantes afirmam que as quantias -que seriam entre R$ 50 e R$ 100 por dia de trabalho- deveriam ter sido depositadas no último dia 30. Até agora, apenas uma parte do grupo teria recebido o valor.
Segundo os manifestantes, a empresa Quality foi contratada pelo PRB para organizar o trabalho e realizar os pagamentos.
Lucimere Moretti, 38, é umas das que dizem ter sido vítimas de “calote”. “Na sexta-feira disseram que por conta da greve dos bancos estavam com dificuldade para efetuar o pagamento. Depois a Quality falou que não tinha mais dinheiro para dar para ninguém.”
O grupo também disse que assinou um contrato com a Quality, que nunca foi recebido de volta com a firma da empresa. De acordo com os manifestantes, o documento não mencionava valores, que foram combinados oralmente. “Falaram que o contrato voltaria assinado, mas nunca voltou. Para alguns ofereceram assinar a carteira de trabalho”, afirmou Josele Carreiro, 24.
A comunicação do PRB disse desconhecer as pessoas que estiveram presentes na sede do partido. De acordo com a comunicação, a informação que receberam é de que o grupo trabalhou para o irmão de Celso, Mozart Russomanno (PEN), candidato a vereador nas eleições.
Os manifestantes, entretanto, garantiram que participaram da campanha de Celso Russomanno. “O PEN empurra a gente para cá e o PRB empurra a gente para o PEN. Fizemos a campanha do Celso”, disse Lucimere.
“Quem contratou a cooperativa foi o PRB. Eles falam que não, mas foi”, afirma Diego Portela, que se identificou como “praticamente o coordenador-geral da campanha”.
O grupo aproveitou, ainda, para reclamar das condições de trabalho. Segundo eles, a carga horária era de 12 horas diárias e a comida oferecida fez com que vários ficassem doentes. “A comida era doação, não sabíamos de onde vinha. Era um lixo, eu mesma passei mal”, disse Marília Aparecida, 28.
Alguns se disseram, inclusive, desiludidos com a figura de Russomanno. “Pior que todo mundo queimava ele na rua. Chamavam de ladrão e a gente defendia”, lamentou Leidiane Campos, 34.
Os manifestantes afirmam que continuarão indo à sede do partido até receberem o dinheiro. Alguns disseram que, caso não recebam os valores, vão “quebrar tudo”.