Após acordo, Gol pagará R$ 4 milhões a índios por acidente com o voo 1907

Desastre aéreo do vôo 1907 da Gol: índios caiapós observam a cabine do Boeing na mata. Seis meses após o maior acidente da aviação brasileira, os destroços do Boeing-737/800 da Gol permanecem no local da queda, na floresta amazônica em Mato Grosso. Parte do cenário da tragédia que matou 154 pessoas e catalisou a crise aérea pela qual passa o país continua intacta. São restos de poltronas, remédios, peças da fuselagem, roupas, calçados e querosene. Em 29 de setembro de 2006, o Boeing e um jato executivo Legacy-600 da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), comprado pela empresa norte-americana ExcelAire, chocaram-se no ar. O Boeing caiu na floresta, matando todos que estavam a bordo, e o jato conseguiu pousar sem nenhum ocupante ferido. O avião caiu na terra indígena Capoto-Jarinã, em Peixoto de Azevedo (741 km de Cuiabá). Para chegar ao local, são três horas de barco e outras três horas por uma trilha aberta por índios logo após o acidente, a partir da margem do rio Jarinã. (Mato Grosso, 19.04.2007. Foto de Jorge Araújo/Folhapress)

Após um acordo extrajudicial, a Gol pagará R$ 4 milhões a uma comunidade indígena pelos transtornos causados pela queda do voo 1907, há dez anos, no meio da floresta amazônica. O acordo foi fechado após diversas reuniões entre a empresa, representantes da comunidade indígena, o Ministério Público Federal do Mato Grosso (estado onde ocorreu a queda) e a Funai (Fundação Nacional do Índio).

Segundo a alegação da comunidade indígena, a permanência dos destroços do voo que matou 154 pessoas em 2006, inviabiliza o uso de uma grande porção de terra dentro de uma reserva indígena. De acordo com as crenças do povo caiapó, as mortes ocorridas naquele local não permitem o uso da terra para caça, pesca e habitação.

Desde o início das negociações, a comunidade indígena pediu a indenização no valor de R$ 4 milhões. Segundo o Ministério Público Federal, a Gol decidiu pagar todo o valor. Representantes caiapós deverão prestar contas da utilização dos recursos em benefício de toda a comunidade indígena do local afetado. A Gol não comenta a negociação.

No dia 29 de setembro de 2006, um Boeing 737 da Gol colidiu em pleno voo com um jato executivo, modelo Legacy 600 sobre os céus da Amazônia. A investigação da Aeronáutica concluiu que os dois voavam na mesma altitude devido a uma série de falhas de procedimentos dos pilotos do Legacy e dos controladores de voo de Brasília.