Relator da Operação Lava Jato na segunda instância –o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre– o desembargador João Pedro Gebran, 52, fez um alerta a jornalistas de diversos países latino-americanos em relação a tentativas de reação contra a investigação.
“Tanto os que souberam conduzir o processo quanto os que querem frustrar a Lava Jato aprenderam com a Operação Mãos Limpas”, disse ele, na abertura da Colpin (Conferência Latino-americana de Jornalismo de Investigação), em Buenos Aires.
“Corremos o risco de ter o mesmo desfecho, e não é um desfecho bonito. Pessoas investigadas se reorganizaram e reagiram às investigações.”
Segundo ele, os quatro anos da operação frustraram “todas as pessoas que apostaram contra o sistema, que conseguiam se livrar no passado”.
Mas a reação institucional, avalia, é capaz de trazer retrocessos que “podem colocar a Lava Jato em xeque”.
Entre essas reações, Gebran elencou a tentativa de aprovar a lei de abuso de autoridade e a volta do entendimento de que um réu só pode ser preso quando não for mais possível recorrer de um processo.
“Argumenta-se que a prisão apenas com trânsito em julgado beneficia a pessoa hipossuficiente. Mas os processos dessas não conseguem chegar ao STF, e isso ninguém fala”, afirmou.
“Enquanto isso vigorou, nenhuma pessoa com condição de contratar advogados qualificados ficou presa.”
O desembargador atribuiu o sucesso da operação à atitude vigilante da imprensa.
(Folhapress)
Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4