Doria estabelece trajes obrigatórios para motoristas de aplicativos em SP

SÃO PAULO, SP - 12.07.2017: UBER FAZ PROTESTO EM FRENTE À PREFEITURA - Representantes do Uber protestam em frente à prefeitura e aguardam para falar com secretário. Grupo pede melhores condições e legalização de aplicativos de transporte. (Foto: Bruno Rocha /Fotoarena/Folhapress) ORG XMIT: 1354747
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Camisa, calça e sapato social. O traje é mais conhecido no mundo da moda como esporte fino, muito usado em ocasiões informais, mas que exige uma certa sofisticação nas combinações. Este será o novo look obrigatório dos motoristas responsáveis pelo transporte por aplicativos em São Paulo, como Uber e Cabify. A norma já era esperada pela categoria e foi publicada no “Diário Oficial” da capital paulista, nesta quarta-feira (12). Também foram permitidos o uso de camisas polo e calças jeans.

Foram proibidos trajes com camiseta ou regata. Também foi barrado o uso de calças do tipo esportiva, moletom, dentre outros modelos semelhantes. A gestão João Doria (PSDB) também vetou o uso de chinelos. O motorista não poderá mais expressar no peito o time de futebol ou de qualquer outro esporte pelo qual torce durante o trabalho. Jaquetas de clubes e associações ficaram de fora do “dress code”.

O vestuário é apenas uma das mudanças estabelecidas pela administração municipal. Também passa a ser obrigatório o emplacamento dos carros na cidade de São Paulo, a realização de cursos e obtenção de certificados por parte dos motoristas, a identificação visual do carro como parceiro de algum dos aplicativos e a inspeção veicular anual.

Na prática, as mudanças aproximam o serviço de transporte por meio de aplicativos às normas que já são exigidas dos taxistas. Esse era uma pressão da categoria desde a chegada ao Brasil de aplicativos do gênero.

As empresas que operam o serviço terão, a partir desta quarta (12), 180 dias para se adequarem às novas medidas. Se os motoristas terão que estar mais alinhados, o carro estará na patrulha da limpeza.

 

 

Uber reage e diz que propósito é trazer ineficiências’ ao sistema

 

A empresa Cabify disse que as regras internas da companhia já compreendem os pontos necessários para um atendimento de qualidade e segurança aos seus passageiros. A Uber, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que as novas regras cumprem o único propósito de trazer “ineficiências a um sistema eficiente.”

De acordo com Luiz Fernando Prudente do Amaral, advogado especializado em direito público, o novo marco regulatório do serviço de transporte por aplicativos na capital paulista retrocedeu e só criou mais burocracia. “Me parece que esse excesso de regulamentação chega perto de inviabilizar a atividade”, diz o especialista.

“É como a regra da vestimenta. Antes, o motorista precisava apenas de tênis, camiseta e calça jeans para trabalhar. Agora terão que usar sapatos. Todo mundo pode ter um sapato?” Ainda segundo Amaral, a gestão João Doria poderia ter avançado se tivesse criado uma legislação que se preocupasse mais com a segurança do passageiro e não muito atrelada à administração em si do sistema.