Governo descarta votar Previdência após fevereiro

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Para o governo Michel Temer, não há “a mínima cogitação” de adiar a votação da reforma da Previdência para depois de fevereiro, segundo o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo).
Sem querer especificar números, ele admite que o governo “não tem o suficiente” para passar a reforma na Câmara, “mas teremos em 19 de fevereiro”, data prevista para o tema ir a plenário. Lá, será preciso garantir o apoio de 308 de 513 deputados.
Marun aconselhou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a se inteirar sobre o debate antes de dar opinião –em visita oficial aos EUA, Maia afirmou não ter “nenhum tipo de otimismo” para a agenda previdenciária em fevereiro.
“Rodrigo é um dos baluartes desse processo de aprovação. Talvez nos dias em que ele se ausentou [do Brasil], não esteja com as informações suficientes que temos. Com certeza que seu otimismo retornará”, afirmou.
Marun esteve na Fiesp, em reunião com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, nesta terça-feira (16). Conversar com líderes empresariais e também evangélicos, segundo Marun, é um ponto crucial para dar fôlego à reforma.
O presidente Temer recebe nesta semana algumas das principais lideranças evangélicas, como o apóstolo Valdemiro Santiago (Igreja Mundial do Poder de Deus) e José Wellington Bezerra da Costa (Assembleia de Deus Belém), em Brasília. Marun tem auxiliado no meio de campo.
Segundo o ministro, o trabalho de convencer deputados foi prejudicado pelo recesso parlamentar, disse. “Mas o retorno aos redutos eleitorais pode ajudar, pois a população começa a entender que o tema é prioritário”, disse o ministro. “Posso lhe garantir que vivemos hoje um momento muito melhor do que eu dezembro [quando a reforma não teve votos].

CRÍTICAS
Nos EUA, Rodrigo Maia fez fortes críticas nesta terça (16) a membros do poder público, em especial do judiciário, por “defenderem seus benefícios”. Para Maia, eles agem de forma “desconectada da realidade” e propagam mentiras por quererem manter aposentadorias de R$ 20 mil.
Maia ressaltou que a base do governo na Câmara diminuiu desde a segunda denúncia contra Temer, e que é preciso reorganizá-la. “Já tem muito político mentiroso no Brasil, né? Acho que chega. Está na hora de a gente falar a verdade, e a reforma da Previdência não é uma votação simples”, disse. Apesar disso, negou que seja pessimista, mas sim “realista”.

(Folhapress)
Foto: Marcos Corrêa/PR