Ministério Público recebeu mais de 400 denúncias contra João de Deus

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O promotor de Justiça Luciano Miranda, que integra a força-tarefa formada para investigar as denúncias de abusos sexuais por parte do médium João de Deus, disse nesta segunda-feira, 17, que o Ministério Público já recebeu mais de 400 relatos de abuso sexual e que, deste total, 30 foram formalizados por meio de depoimentos colhidos presencialmente nos Estados.

Segundo Miranda, esses 30 casos apontam para a prática de três crimes que aconteciam de forma “reiterada”: estupro, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. O promotor disse ainda que vários desses relatos aconteceram nos últimos seis meses e, portanto, podem ser passíveis de punição.

“Nós já recebemos mais de 400 relatos via e-mail. Desses 400 relatos, já conseguimos mais de 30 depoimentos prestados dentro do Ministério Público no Brasil inteiro: São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais”, afirmou.

O promotor disse também que João de Deus pode ser enquadrado por estupro de vulnerável tanto por ter abusado de crianças menores de 14 anos como por ter vitimado pessoas que estavam com alguma enfermidade na ocasião e, portanto, poderiam “oferecer resistência”.

“Temos vários casos que foram cometidos nos últimos seis meses. Além disso, alguns desses crimes contra a dignidade sexual não precisa ser observado esse período. Nós temos o chamado crime de estupro de vulnerável, que é exatamente aquele em que o agente, se valendo da enfermidade da vítima, pratica o abuso sexual. Há vários relatos nesse sentido”, explicou. “Há relatos de vítimas que tinham câncer, por exemplo. Vulnerável para a lei é que tem menos de 14 anos ou, em razão de enfermidade, não pode oferecer resistência”, disse.

O promotor de Justiça explicou ainda que há indícios de que funcionários da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde João de Deus fazia os atendimentos, soubessem da prática do crime de estupro. Se isso ficar comprovado, algumas dessas pessoas também podem responder mesmo caso.

Por fim, Luciano Mirando disse ainda que o Ministério Público também recebeu relatos de crimes que não são de ordem sexual, como lavagem de dinheiro, mas que essa investigação acontecerá em outro momento.

 

 

Defesa apresenta habeas corpus

para revogar prisão preventiva

 

O criminalista Alberto Toron, defensor do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, protocolou um habeas corpus, na tarde desta segunda-feira, 17, junto à Justiça de Goiás com o objetivo de revogar a prisão preventiva do líder religioso.

Caso o habeas corpus seja negado, a estratégia da defesa será pedir que se adote medidas cautelares, em vez da prisão. Entre as opções cogitadas pelo defensor estão prisão domiciliar, colocação de tornozeleira e a proibição dele exercer o ofício dele.

“São medidas que acautelam o meio social, que preservam a possibilidade da prática de novos crimes, se é que eles existiram, com um método menos invasivo, meio menos invasivo”, explicou Toron.

 

 

Médium apresenta duas versões

para cada denúncia e nega crimes

 

A Polícia Civil divulgou nesta segunda-feira, 17, novos detalhes do depoimento do médium João de Deus, suspeito de abusar sexualmente de mais de 300 mulheres. Segundo o delegado-geral, André Fernandes, o interrogatório resultou em sete páginas.

João de Deus apresentou duas versões para cada denúncia e negou os crimes. “Ele apresenta a versão de cada fato e não confessa a prática destas ações. Durante o depoimento, o comportamento dele foi de negação das acusações, agindo de forma natural, respondeu a todas as perguntas e compreendeu as acusações a ele imputadas. Ele afirma que todos que iriam naquela casa era de forma voluntária, espontânea, que os atendimentos eram coletivos e que não havia estes abusos”, disse André Fernandes.

Ao todo, 15 mulheres foram ouvidas pela Polícia Civil. Apesar de João de Deus negar as acusações das vítimas, o delegado afirma que os relatos de abusos durante atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, são muito contundentes.

O depoimento ocorreu na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia. O líder religioso dormiu em uma cela de 16 m² no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia na Região Metropolitana da capital.

De acordo com a assessoria de imprensa da Diretoria-Geral de Adminisitração Penitenciária (DGAP), o religioso passou bem a noite, dormiu junto com outros três presos e comeu pão com manteiga e achocolatado nesta manhã. O órgão informou ainda que João de Deus está recebendo todos os medicamentos que ele faz uso contínuo.

 

Foto:Tobia-Ragonesi